Vivendo na estrada, sem saber qual destino chegar, sem saber quando devo parar de buscar o fim da estrada.
A cada dia passo por lugares e povoados diferentes, com pessoas que ainda não tenha visto, fico impressionado com cada cultura e com cada modo diferente com que as pessoas me abordam, me alegro quando vejo culturas ainda não exploradas por minha tão curta sabedoria. Me fantasio com as cores nas roupas, cores tão alegres que me fazem declarar um sorriso.
A bondade que vejo na simplicidade de cada sertanejo que luta por mais um dia de vida no deserto coberto pela caatinga é uma das experiências que já tive e que digo ter gostado mais, outra que com certeza não posso esquecer com o fechar dos olhos foi quando presenciei o despertar de um guerreiro numa tribo "Maori". De tantas não digo qual foi a mais importante, digo sim que todas me tocaram de uma forma, outras um pouco mais outras um pouco menos, mas, todas tiveram seu valor.
Certa vez passando perto de um imenso e profundo rio com minha moto, percebi que algo estava a acontecer, uma tropa de pessoas que estavam ali, com arpões retirados da flora que rodeava o rio, tentavam e tentavam acertar algo que estava sob a água, quando me aproximei mais percebi que roupas aqueles serem não usavam, ficando a entender me aproximei um pouco mais, foi quando me deparei com um que seria o maior e o mais forte dos demais, pois não podia ver nem sobre seus ombros nem ao lado deles, no medo de me atacar e me usar de comida fiquei paralisado, nem um músculo si quer se movia, naquela hora só poderia pensar na família que deixei em algum lugar da estrada (lá pelo inicio dela), mas, para minha surpresa aquele brutamonte me pegou pelo braço e me levou até seus demais, lá todos me achavam como se fosse um ET, olhavam e falavam uma língua que não podia decifrar si quer uma palavra, cobertos de uma tinta que parecia uma tatuagem e com cabelos estilo moicano que me fascinaram (Nunca tinha visto moicanos tão perfeitos como aqueles), dançavam em minha volta como um bicho que busca o momento exato para atacar, quando do nada o gigante que mais me amedrontava arranca meu capacete, o joga no chão, nisso meu cabelo moicano que mesmo amassado pelo capacete se parecia com o deles, foi o motivo pelo qual me olharam um pouco diferente, tocaram e puxaram tanto que acho que tentavam arrancá-lo.

Um grito do gigante foi o suficiente para que todos saíssem correndo e trouxesse em suas mãos tintas, lanças, penas, cordões que estavam ali caídos. Não sabia o porque de tanta coisa, naquela hora já não estava tão amedrontado. Com a tinta em mãos o gigante passava em meu rosto enquanto os demais arrancavam minha roupa. Passaram tinta também em meu peito, em minhas costas e em minhas pernas brancas. Em meu cabelo fizeram uma ou duas trancinhas com uma pena presa no final da trança. Com a lança tentavam me ensinar como pescar, ou melhor, como acertar um peixe sob a água, mais tarde iria descobrir que não era tão fácil como parecia. Depois de muita pescaria e muitos peixes que eles pegaram (não acertei nenhum, mas, dor no corpo podia dar e vender), foram me ensinar como fazer uma fogueira para preparar os peixes que arduamente não consegui pegar si quer um, sorte a minha que eles já tinham madeira próximo aos quiosques onde dormiam, pois, a dor que estava sentindo nos braços iriam me impedir de realizar tal tarefa, fogueira pronta vão eles tentarem me ensinar a fazer fogo com o atrito de duas pedras (o que não dava por um isqueiro naquele momento), após muitas batidas de uma pedra na outra eis que o fogo começa a se manifestar, peixes espetados agora é só esperar um pouco e comer. Bem, após um dia tão cansativo é hora de dormir, me passaram um quiosque para poder passar a noite (pena este não ser um hotel cinco estrelas com hidromassagem, televisão, ar condicionado, com uma geladeira do lado da cama e um colchão King), tive que deitar sobre umas folhas no chão, cobrir com uma manta de couro de algum bicho grande e rezar pra não ter nenhum bicho por perto. Mais um dia de aventura que terminou e mesmo muito cansado aquele dia será lembrado por muitos anos. No despertar do dia fomos buscar algumas frutas para o café da manha, pois logo teria que partir daquele paraíso que estava, com frutas em mesa (no chão na verdade) comemos e assim que terminamos de comer, os puros amantes e protetores daquele paraíso fizeram para mim uma dança, dança essa que me deixou por um segundo em estado de desligamento total, mas, ao retornar do transe descobri que minhas forças estavam novamente em forma. A vontade de ficar era imensa, mas não poderia, minha amiga estrada me esperava pra mais Quilômetros a rodar. Me despedi daquele bravo povo que com tão pouco era felizes e viviam muito melhor que muitos que têm toda a regalia de uma cidade grande.
Agora de volta a estrada, qual será a próxima aventura???...
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